terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A culpa é do subconsciente


"Eu nunca fui homem pra você". Ouvi isso faz algum tempo, e de alguma forma, isso nunca mais saiu da minha cabeça. Me peguei por várias vezes pensando nisso e tentando entender o nexo na frase em vários momentos do meu dia. Tentando entender, afinal, o que é um homem pra mim. 

Já me apaixonei mais do que uma vez, e não tem como negar tal. Não me leve a mal, não quis dizer que foi verdadeiro e nem que foi correspondido. Mas quem nunca se apaixonou pelo sorriso do vizinho ? Pelas sobrancelhas arqueadas do rapaz do lado oposto do vagão do metrô ? Pelos olhos claros do colega de classe ? 

Li recentemente um artigo com lead: "Há uma justificativa cientifica por trás de muitas coisas aparentemente sem nexo — de comportamentos recorrentes, como sempre se apaixonar pelo cara-problema, a angústias que brotam de repente, do nada, no peito." A parte do cara-problema, confesso, foi a que mais me chamou a atenção, porque eu nunca pareço me apaixonar pelo homem "pra mim". Aprendi, então, que é tudo culpa do inconsciente. Segundo o texto, a repulsa ou atração está nos detalhes. Se os olhos do meu colega de classe são muito parecidos com o do meu ídolo teen, é praticamente impossível não se interessar. Se o sorriso do meu vizinho é largo como o do meu avô, é inevitável o subconsciente não enviar sinais de "aquele ali é super o seu tipo!". Outra justificativa, também muito plausível, é a de que sinais repetitivos também nos chamam muita a atenção. Se a minha mãe arqueava as sobrancelhas quando brigava comigo na infância, isso é uma coisa qual na idade mais avançada eu vou procurar inconscientemente. Você procura aquilo que lhe aflige para poder tentar consertar coisas que lhe remetem o ato no passado. 

Ao mesmo tempo que isso me fez entender um pouco mais sobre as "leis da atração", isso também me deixou extremamente confusa. Na hora, indaguei se deveria sair por ai procurando por alguém com trejeitos parecidos com os das pessoas que gosto ou, já que isso não deu certo até agora, deveria sair por aí procurando alguém que é totalmente oposto de tudo o que prezo. Enquanto pensava, como boa curiosa que sou, não pude deixar de parar para ouvir a conversa de duas pré adolescentes que estavam sentadas no banco atrás de mim dentro de ônibus. Uma delas disse: "Para com isso, Carla! Até parece que não sabe que a gente encontra o amor quando menos está esperando...".

Digam o que quiserem, mas nunca me senti tão inocente quanto naquele momento. Com dezenove anos na cara e com contas pra pagar, recebi daquela guria uma carta de euforia dos pensamentos repetitivos e conscientes. Percebi naquele exato instante que eu nunca tinha visto nem relance do meu "tipo de homem" porque estava sempre procurando por ele. Dei-me conta de que quando a vida resolver colocar no meu caminho o meu guarda-chuva amarelo, de uma hora pra outra e sem avisar, meu subconsciente vai ser o primeiro a avisar "Ei, idiota! Todos aqueles alarmes foram falsos. Esse aqui, sim, tem tudo pra ser homem pra você."

2 comentários:

  1. Gosto muito da maneira como você escreve. Sinto que te entendo perfeitamente.
    Eu, por exemplo, nunca soube que pessoa seria boa para mim. Eu simplesmente me apaixonava por qualquer um, pelos simples motivo de ter algo para me motivar. Das coisas mais frustrantes na minha vida, a vida amorosa vem em primeiro lugar. Fingi que senti coisas que na realidade não sentia para, no fim, depois de tanto mentir para mim mesma, ver se eu acreditava.
    O que obviamente não funcionou.
    Então, de uma hora para outra, decidi que, se eu estou destinada a ter o amor da minha vida, a paixão do século e coisa e tal, não adianta ficar procurando em cada olhar, cada sorriso. Ela vai aparecer, como o sol aparece todos os dias e a lua também. Naturalmente, vamos nos encontrar e, naquele momento, vou saber o que eu tanto procurava estava na minha frente.

    Beijos!

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