quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Coca-Cola

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Mas não tem um só dia que eu acordo e não penso nela. Desde que a gente se conheceu, naquele barzinho feio com luzes vermelhas. Ela me olhou e eu voltei no tempo, eu era de novo um adolescente medroso e cheio de inseguranças. Ela e olhou e eu era de novo um bobão que não sabia nada da vida, e eu achei que não podia ter sensação melhor do que a sensação daqueles olhos em mim. Mas aí, ela sorriu. E o adolescente medroso e cheio de inseguranças quase cambaleou pra trás. Primeiro eu achei que estava meio louco, depois que merecia um soco e logo achei que tinha alguma coisa na minha batida de coco. Mas não, só tinha ela. Ela e aqueles olhos verdes, ela e aquele cabelo ruivo desarrumado, ela e aquele sorriso enorme e tortinho. Ela sorria mais pra um lado do que pro outro, mas pra mim, até hoje, não existe coisa mais linda. “Ei, como é seu nome?” ela disse com a voz mais meiga e cheia de sotaque do mundo inteiro, me acordando do transe. Eu respondi meio enrolado, meio atrapalhado, mas respondi. Ela sentou do meu lado e a gente ficou conversando a noite inteira, ou melhor, ela falava e eu respondia. Eu não tenho assunto normalmente, mas naquela noite parece que todos os assuntos que eu conhecia, todas as cantadas que eu sabia, todas as besteiras que eu já tinha ouvido, tinham sumido. Mas mesmo assim, depois de todo o vexame, ela me convidou pra tomar uma Coca-Cola no dia seguinte. Eu odeio Coca-Cola, sempre odiei, mas por ela eu tomaria uma Coca. Duas, três, vinte, cinquenta. Porque por um algum motivo, meu corpo todo gritava em alerta que era ela. Eu não sabia o que aquilo queria dizer. Mas era ela. Nessa noite eu fui dormir com um sorriso ridiculamente grande no rosto, aquele de quem tá apaixonado e fica bobo igual à um menininho ganhando uma bola de futebol nova de presente.