sexta-feira, 14 de junho de 2013

Breakout


Eu gosto muito de ler distopias. Delírio, Divergente, Starters e é claro, a minha preferida, a saga Jogos Vorazes. Muitas vezes me peguei chocada com a crueldade nos atos ditados pela Capitol, sem ao menos perceber que de maneira as vezes não tão direta, aquela realidade que deveria ser fictícia se encontra com a realidade qual vivo e sinto na pele todos os dias.

Não há como negar que tudo o que vem acontecendo nos últimos dias me atingiu. Talvez não tenha sido tão fortemente atingida quanto os jovens que estavam lutando pelos seus direitos. Talvez não fortemente atingida quanto o fotografo que quase perdeu a visão por causa de uma bala de borracha. Quanto a moça que apanhou, sem ter nada a ver com aquilo tudo, enquanto saia do trabalho. Quanto o policial que cumpria ordens e mesmo assim está levando a culpa.

Não tenho o poder de dizer quem ali é o herói e quem é o bandido. Ambos estão presos a suas realidades. O povo que tem direito de correr pelos seus direitos, os policiais que cumprem seu dever. Lógico que ali embutido existem vários tipos de pessoa. O indivíduo que está ali para lutar pacificamente pelos seus direitos, o ser que só está ali para causar mais bagunça e aqueles que estão loucos para revolucionar de um jeito não ético. E de novo, quem sou eu pra julgar o que é ético em um país onde nossos jornalistas e mídias deveriam nos dizer a verdade e somente a verdade e enquanto isso nos enchem e nos entopem as ideias com cenas editadas e utópicas ?

Quem sou eu pra dizer que aqueles policiais ali estavam somente tentando defender o patrimônio público e defender a ordem a cima de tudo quando existem imagens de cenas fortes de violência que partiram desses homens que deveriam nos proteger ?

Enquanto isso, os maiores causadores dessa revolta se encontram tomando chá e café em Paris. Ou então dentro de suas mansões de luxo com seus cachorros limpinhos e felpudos. Enquanto o povo vai às ruas e coloca suas vidas em risco. Enquanto um pai de família sai de casa para trabalhar e não sabe mais se vai voltar. Enquanto uma mãe perde um filho. Um tio perde um sobrinho e eu perco um amigo.

Quem já leu/assistiu JV talvez saiba do que eu falo quando digo que nós estamos dentro de uma arena. Qualquer passo em falso pode significar nossa morte. Enquanto povo e polícia se confronta na rua, a elite controladora assiste tudo de camarote embaixo dos cobertores quentinhos de suas casas. Enquanto manifestantes e militares deveriam ser um só, nós nos vemos obrigados a lutar entre si.  

Disseram-me que o Brasil saiu da ditadura militar em 1985, mas será que a ditadura saiu daqui ? 

2 comentários:

  1. É a vida imitando a arte, é a arte imitando a vida... Sempre quis me sentir dentro de um livro, só nunca imaginei que seria JV.

    Down with the Capitol!

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